A viagem transcorria dentro dos padrões quando, no kilometro 354 da via férrea, por volta de 01:55 minutos, localizado no distrito da cidade de Antônio Carlos, denominado Parada Araújo, o maquinista visualizou a sua frente, cerca de 500 metros, uma luz forte vindo em sua direção.
Logo imaginou que poderia ser o farol de um automóvel cruzando a linha ou seguindo por via lateral. Mas, logo lembrou-se que não havia por alí estas vias e, imediatamente fez funcionar o apito da locomotiva por dois longos silvos, quando percebeu que, o que estava à sua frente era outra composição. Imediatamente lançou mão dos freios e ao mesmo tempo gritava ao graxeiro e ao foguista que pulassem do trem. O grito era frenético – “Saltem do trem pois vamos todos morrer”.
Era muito tarde, a velocidade não conseguiu ser refreada pelo esforço dos maquinistas e, assim o choque aconteceu.
Um barulho ensurdecedor tomou conta do lugar. Os destroços se espalhavam por todos os lados.
A composição que colidiu com o N2 era um cargueiro C-65, conduzido pelo maquinista José Rabelo Alves, que segundo seu depoimento, disse que, “ao entrar na curva, o foguista José Moyses Alves, que vira um forte clarão pela frente, me avisou que vinha uma composição à frente e que a licença que este obteve não lhe era destinada”. Ao mesmo tempo, saltou da locomotiva em movimento, precipitando-se na estrada, tendo se salvado da morte, graças a esta iniciativa.
O pânico tomou conta daqueles que, dormindo conseguiram se levantar para tomar ciência do ocorrido. Tudo era trágico ao redor. Ferros retorcidos, bancos quebrados, corpos espalhados, muitos gritos e pedidos de socorro.
A imagem ao lado é a capa de um Livro/Coletânea que o chefe Ignácio Castañón estará lançando no dia 14 de dezembro de 2019, quando da reinauguração do Memorial.
Neste livro está retratada toda a história que envolveu o jovem Caio Vianna Martins
O registro oficial do óbito de Caio Vianna Martins, deu-se no Cartório do Registro Civil – 1º. Subdistrito na cidade de Barbacena-MG, sob a matricula 0463420155 1938 4 00008 244 0003509 36. Abaixo a cópia documental.
O declarante foi o Sr. chefe Clairmont Orlando Gomes, no dia 20 de dezembro de 1938, às 02:30 horas, na Santa Casa de Misericórdia de Barbacena. A causa mortis registrada foi “Traumatismo da cavidade abdominal, derrame interno”. E quem assina o óbito é o Dr. Osivaldo Fortini.
Abaixo a certidão correspondente.
Às 19 horas do domingo, dia 18 de dezembro de 1938, deixava a estação ferroviária de Belo Horizonte, a composição de trem com passageiros, denominada N2, composta de 10(dez) vagões assim destinados.: um vagão bagageiro; um para serviço postal, um carro para segunda classe; dois de primeira classe; um buffet(restaurante); tres carros dormitórios e um especial denominado A-7 que fechava a composição. A locomotiva 372 era operada por 3(tres) experientes funcionários, O maquinista Franklin Carlos da Silva, que conduzia a locomotiva; o foguista Oscar Pinto dos Santos, que alimentava a fornalha produtora de calor e vapor para a locomotiva se locomover e como graxeiro, João Pereira da Silva, que constantemente lubrificava os equipamentos.
Embarcados na estação de Belo Horizonte, com bilhetes comprados, foram cerca de 100(cem) passageiros confirmados, embora no transcursso da viagem, em diversas paradas, não se sabe exatamente quantos outros passageiros embarcaram.
O trem seguia normalmente seu trajeto alcançando Sanatório, rumando para Bias Fortes e em seguida para a estação Sitio, onde chegou normalmente e dentro do horário previsto. Tendo sido autorizado e licenciado a prosseguir viagem pelo funcionário da linha férrea, o N2 prosseguiu viagem com destino a João Ayres. Um frio intenso e umido tomou conta de todo o trem pois, naquele momento, uma chuvinha fina tomava conta do trajeto.
Por volta das 2 horas e 5 minutos, na altura do kilometro 354, em plena descida da Serra da mantiqueira, entre as estações de Sitio(hoje Antonio Carlos) e João Ayres, local denominado atualmente como Parada araújo, em sentido contrário, na mesma e única linha existente, surgiu o trem cargueiro C65, que colidiu frontalmente com o N2, causando a maior tragédia ferroviária de todos os tempos.
*** Membros Escoteiros da Associação Escoteira Afonso Arinos de Belo Horizonte ***
———Nome Completo——————-Função ————Idade ——-Situação Médica
01 Clairmont Orlando Gomes———— Chefe Escoteiro ……………….. Ileso
02 Rubem do Vale Amado Junior…………Chefe Escoteiro ……………….. Contusão na perna (Araken)
03 José Belarmino Ribeiro ………………Pioneiro ……………17 anos …..Ferimentos e contusões pelo corpo
04 Cristovão Botelho Filho ……………..Pioneiro ……………16 anos …..Ileso
05 Leão Caberlite ………………………..Pioneiro ……………16 anos …..Ileso
06 Caio Vianna Martins ………………….Escoteiro ………….15 anos …..Falecido
07 Edson Durão Judice …………………..Escoteiro ………….13 anos …..Ileso
08 Joaquim Olimpio Horta ………………Escoteiro …………..14 anos …..contusões e ferimentos nas pernas
09 José Flavio Dias Vieira ………………Escoteiro …………..12 anos …..contusões e ferimentos no pé
10 Hélio Caetano Drumont ……………..Escoteiro …………..14 anos …..fratura na perna esquerda e contusões diversas
11 Heraldo Dias Ribeiro …………………Escoteiro …………..15 anos …..Ileso
12 José do Patrocinio Garcia do Carmo .Escoteiro …………..14 anos …..Forte contusão e ferimentos no joelho
13 Antonio Claret Toffani ……………….Escoteiro …………..14 anos …..fratura no braço esquerdo
14 Fernando Emílio de Magalhães ……..Escoteiro ………….12 anos …..Ileso
15 Gerson Issa Satuf …………………….Escoteiro ………….12 anos …..Falecido
16 Sileno Durão Judice …………………..Escoteiro ………….12 anos …..Ferimento profundo na face
17 Flávio Dias Maciel …………………….Escoteiro ………….13 anos …..contusão no joelho
18 Hélio Marcos de Oliveira Santos ……Lobinho ……………..9 anos …..Falecido
19 Reginaldo Regis Neves ………………Lobinho ……………..8 anos …..Ileso
20 Armênio de Souza Mesquita ………..Lobinho …………….11 anos …..Ileso
21 Hamilton C. R. Mourão ………………Lobinho ……………..8 anos …..Ileso
22 Romero Oswaldo Loures Machado .Lobinho ……………10 anos …..contusão no nariz
23 Miguel Afonso Chiquiloff …………….Lobinho ……………10 anos …..escoriações na perna
24 Walter Paulo de Carvalho …………..Escoteiro …………..13 anos …..Ileso
– O Memorial em memória dos mortos no acidente da Mantiqueira, ocorrido em 1938, foi erguido no ano de 1959 pela extinta E.F.C.B – Estrada de Ferro Central do Brasil.
– Desde então, aquele local passou a ser visitado por inúmeras pessoas, a grande maioria, ligadas às vítimas do desastre.
– Somente no ano de 2018, por iniciativa de alguns Grupos Escoteiros e dos Escoteiros de Minas Gerais é que sua restauração foi retomada. Foram anos buscando, com exatidão, o local onde Caio Vianna Martins se tornou o Escoteiro Padrão dos escoteiros no Brasil.
– No local onde estava erguido, somente havia um grande matagal, com restos de imagens e destroços que alí foram colocados ao logo dos anos. (Veja imagens abaixo)
– Imediatamente, ao ser encontrado, o mesmo passou por uma grande limpeza e capina e, logo após, um projeto de reforma foi preparado.
– Com a ajuda e participação da Região Escoteira de Minas Gerais e dos Grupos Escoteiros 072/MG Liz do Amanhã e 160/MG Guardião da Mantiqueira é que foi possível concluir a obra. E exatamente no dia 25 de julho de 2019, a reforma foi concluída.
– Uma grande lápide de Mármore negro com inscrições foi instalada e a limpeza e pintura do restante, permitiu que a visibilidade retornasse àquele local de muita dor e sofrimento.
– Três mudas de ipê branco e um pequenno gramado foram plantados no local para dar mais evidência ao local e, ainda, permitir que as flores das futuras árvores possam melhorar o aspecto local.
– E finalmente, agendado para sua reinauguração, ficou estabelecido que, no dia 14 de dezembro de 2019, seria comemorado os 81 anos do acidente.
Para conhecer ou vistar o Memorial, entre no Google Maps e digite “Memorial Caio Vianna Martins” e programe o passeio com seu Grupo, sua tropa ou com amigos.
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